Minha produtividade tem picos e vales dramáticos.
Alguns dias são fodas pra caramba! Acordo cedo, faço café, esquento meu pãozinho com manteiga na air fryer, leio algumas páginas de um livro e ainda deixo o café da preta pronto com direito a bilhete e tudo.
Nesses dias, eu sou como um CEO esquisito de alguma empresa do Vale do Silício que usa jeans e camiseta preta.
No dia seguinte, parece que o efeito do NZT-48 passou e eu fico lento, mal consigo sair da cama e meu cérebro entra em modo avião. Nada acontece, nenhum lampejo de ideia, uma fagulha ou faísca sequer.
Acho que eu tenho duas personalidades: um gerente de alta performance que toma café sem açucar e joga beach tenis e um estagiário com déficit de atenção e leve toque de foda-se. Eles brigam todos os dias e, quem chega na mesa de controle primeiro é que vai comandar o dia.
A motivação acaba aparecendo durante o dia, surge do nada e me transforma de novo no CEO esquisitão do Vale do Silício. Resolvo um monte de coisas, desenho vários layouts, contribuo com ideias legais, quando, de repente, basta uma notificação aleatória ou uma newsletter da Plau ou da Bits to Brands chegar no meu e-mail para começar a perder o foco.
E aí vem o ciclo da culpa: "Por que eu não consigo manter o ritmo?", "Será que sou preguiçoso?", "Será que tenho a porra do TDAH ou sou só burro mesmo?" A crise do impostor vem com força.
Tenho tentado ser mais gentil comigo mesmo. Aceitar que nem todo dia vai render 100%. Que tá tudo bem falhar numa sexta-feira chuvosa. Que descansar também é parte do processo. Mas, olha… é difícil.
A sensação de que eu “deveria estar fazendo alguma coisa” é mais insistente que corretor imobiliário querendo vender as últimas unidades do super condomínio sustentável que nem licença ambiental tem.
Produtividade é importante, claro. Mas sanidade mental é mais. E essa não tem botão de atalho no teclado. O negócio é fazer o seu melhor e deixar rolar.